Atenção: todas as imagens de pacientes e/ou casos clínicos publicados neste blog, estão autorizados, verbalmente e por escrito, pelo próprio paciente, dentro das normas do código de ética médico e odontológico. Eventuais exibições de rostos dos pacientes também está autorizado e é do seu conhecimento.

Traumatismos alvéolo-dentários

Dentro da traumatologia bucomaxilofacial, as fraturas alvéolo-dentárias são as mais comuns. A fratura alvéolo-dentária possui várias classificações, incluindo fraturas nos ossos de sustentação dos dentes e fraturas dentárias puras em vários níveis (somente coroa, coroa e raiz, somente raiz, com osso associado, com envolvimento de nervo ou não).

Neste caso, observamos a fratura do elemento 21 (incisivo central superior à Direita de quem observa a foto), por traumatismo no esporte (karatê). A fratura em questão formou um desenho em bisel, isto é, alta na vestibular (frente), correndo para trás em diagonal, até o limite mais baixo da gengiva no palato (céu-da-boca).

Fratura coronal do elemento 21 (incisivo central direito de quem observa a imagem)

O fragmento fraturado foi transportado até o dentista em meio com pH neutro (o interior da boca, embaixo da língua, é o melhor local! - dica para as mães: caso não houver esta alternativa, pode ser usada a própria boca da mãe ou um copo com leite, nunca seco, e sem lavar o fragmento ou o dente).

Felizmente, o fragmento pôde ser readaptado no seu local de origem e colado com resina composta - o trabalho foi brilhantemente conduzido pelo colega e amigo, especialista em dentística, Ricardo Pimentel (http://esteticaeodontopediatria.blogspot.com/). No caso, como houve exposição do nervo, foi providenciado um capeamento pulpar direto com hidróxido de cálcio a fim de evitar-se a necrose da polpa dentária. Perceba a tênue linha aproximadamente no nível médio da coroa, indicando o local da colagem do fragmento natural.

Após três meses de controle, percebeu-se que havia ocorrido a necrose, devido à grande exposição pulpar, razão pela qual o tratamento de canal foi então indicado, conduzido pelo não menos competente colega Ivan Amarante, especialista em endodontia.


Esquema demonstrando fratura em bisel com comprometimento do nervo dentário

Após 3 anos de controle, o trabalho apresenta-se em perfeitas condições, apenas com um leve escurecimento na porção cervical da coroa, quase imperceptível, o que é muito comum nestes casos. Outra complicação muito comum neste tipo de traumatismo é a reabsorção da raiz dentária, o que felizmente não ocorreu até o presente.

Três anos de acompanhamento

NOTA: o paciente apresentado sou EU! Dentista também precisa de dentista. Apesar de não apresentar restaurações por motivo de cárie, acabei fraturando um elemento anterior por esporte há 3 anos- acontece!


Três anos de controle

CONSIDERAÇÕES:

1. Observe a coloração esbranquiçada nas cervicais dos dentes (região próxima à gengiva): condição muito comum conhecida como fluorose, ou intoxicação por flúor, enquanto os dentes permanentes se desenvolvem. Lembre que além do flúor dos cremes dentais e aplicados pelo dentista, temos água e sal fluoretados. Cuidado com a ingesta excessiva enquanto os dentes permanentes se desenvolvem!

2. Note as machas escuras interproximais (entre os dentes), devido provavelmente ao vício em café preto e coca-cola, e também por ter fumado até 2002 - sim, dentista também tem seus pecados!!!

3. As irregularidades nos contornos gengivais, principalmente nos dentes inferiores, deve-se à escovação sem orientação por anos. Lembre-se, a gengiva é um tecido delicado, e deve ser manipulado como tal: use escovas delicadas e de cerdas macias!

Nos próximos posts publicarei o resultado do tratamento estético - clareamento e amelopastia para melhorar as angulações dos dentes anteriores.

DICAS ÀS MÃES:

1. Cuide dos acessórios de seu filho durante as atividades esportivas. Moldeiras de proteção às arcadas dentárias são fáceis de confeccionar no seu dentista.

2. Caso haja a perda de um dente inteiro, com raiz, o melhor a fazer é tentar recolocá-lo no seu alvéolo, mesmo que não fique bem posicionado, e correr ao dentista, que fará a fixação adequada. Outras alternativas são o transporte embaixo da língua da criança ou da mãe, leite ou soro fisiológico. Armazená-lo na água pura não é o mais adequado.

3. Se o dente for decíduo (de leite), não é indicado o reimplante. O procedimento poderia lesionar os germes dos dentes permanentes ainda retidos.

4. Nunca lave a raiz! A fricção poderia remover os remanescentes de ligamento periodontal ali aderidos, o que facilita a reabsorção radicular e piora o prognóstico. Apenas hidrate a peça e vá ao dentista mais próximo!

5. O tempo máximo para o reimplante dentário, segundo vários autores, é de 2 horas após o trauma. Quanto mais cedo for reimplantado, maior a chance de sucesso.

6. Fique atenta ao escurecimento dentário ou à má formações durante o erupcionamento: algumas vezes é necessário tratamento de canal.

7. Por último, não se desepere. Os acidentes com fratura alvéolo-dentária são bastante comuns. O dentista saberá o que fazer. Leve a criança ao dentista, peça uma radiografia e se for necessário consulte com um cirurgião bucomaxilofacial ou um endodontista (especialista em canal).

Até a próxima!

1 comentários:

  1. Adriana C Brites Campodonico07 janeiro, 2013

    Excelente exposição! Conheço bem o caso... Hehehe. Já me assessoraste, enquanto tio, padrinho e especialista na área. Bj

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