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Reconstrução de Órbita com Tela de Polipropileno

Há um colega que sempre brinca que "quem não tem cão caça com cachorro"...ou seja, se conseguirmos os resultados esperado tanto faz por quais meios. Há alguns meses motrei casos de fraturas de assoalho orbitário reconstruídas com tela de titânio: http://britesbucofacial.blogspot.com/2011/05/o-osso-zigomatico-e-traumatismos.html

Em alguns casos, porém, quando este material não está disponível, ou quando as imagens diagnósticas pré-operatórias não mostram a destruição do assoalho, temos de improvisar.

Na semana que passou nos deparamos com um caso do tipo. Ao realizarmos a incisão para corrigir o afundamento zigomático (maçã do rosto), nos deparamos com uma destruição não prevista de todo o assoalho da cavidade orbitária. Como não haviam telas de titânio disponíveis, improvisamos.

Afundamento do complexo zigomático-orbitário

A tela de polipropileno, também conhecida como tela de marlex, é muito comum no reparo de hérnias inguinais. De custo extremamente baixo, está comumente disponível em qualquer hospital de médio porte. Podemos sobrepor camadas do material na reconstrução do assoalho. A desvantagem é que este tipo de material não possui a maleabilidade muitas vezes exigida para o reparo da anatomia curva da região.


TC axial mostrando o recontorno orbitário, placas e parafusos

TC 3D mostrando a reconstrução

Como no caso em questão, tínhamos a necessidade de evitar o herniamento dos tecidos moles do globo ocular para o interior da cavidade criada com a fratura, e não tinhamos uma necessidade importante de recriar a anatomia, optamos por usar o marlex.


Recorte e sutura de várias camadas de tela de marlex

Com o passar das semanas, os tecidos em volta do material vão se entrelaçando e fibrosando, formando uma rede de proteção natural que recuperará a anatomia assim que o material da tela degrade naturalmente.


TC coronal pós-operatória mostrando a tela mantendo os tecidos oculares em posição

2 comentários:

  1. Boa opção de tratamento, mas acho que esse material não degrada,não é reabsorvível.

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    1. Concordo, e nem é isso que se busca nesta situação. Da mesma forma, telas de titanio não reabsorvem

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