Atenção: todas as imagens de pacientes e/ou casos clínicos publicados neste blog, estão autorizados, verbalmente e por escrito, pelo próprio paciente, dentro das normas do código de ética médico e odontológico. Eventuais exibições de rostos dos pacientes também está autorizado e é do seu conhecimento.

Para Rir...

Definitivamente a odontologia é usada, maldosamente, para assustar... Mas chega a ser bem engraçado...


Cirurgia Ortognática - resultados preliminares

A Cirurgia Ortognática (cirurgia que reposiciona os ossos maxilares), é um dos procedimentos que dão maior retorno ao cirurgião, pelos resultados quase imediatos. 

No caso apresentado (com as fotos autorizadas pela paciente), podemos verificar uma deficiência de posição de ambos maxilares, com a maxila e todo o terço médio posicionados mais posteriormente, e a mandíbula posicionada mais para anterior e com um desvio significativo de linha média, que causava uma assimetria importante.

Seguindo os mais modernos conceitos dentro da técnica, onde cada vez menos se opta por redução de mento (cirurgia para a redução exclusiva do queixo), optamos por um avanço da maxila e o seu abaixamento na região anterior, fazendo um giro no sentido horário, o que naturalmente leva a mandíbula (maxila inferior) para uma posição mais natural no conjunto da face.

Embora os resultados sejam ainda bastante preliminares (9 dias de pós-operatório), podemos notar importantes ganhos: melhor proporção entre os terços superior, médio e inferior da face; melhor exposição dos incisivos; maior exposição do lábio superior; preenchimento do terço médio da face com o consequente mascaramento dos sulcos naso labiais (rugas); desaparecimento da assimetria mandibular; projeção da base nasal, fazendo com que o nariz se encaixe melhor no conjunto da face;

O edema (inchaço) ainda está bastante presente, e a tendência é de que com o passar dos meses o resultado melhore ainda mais. Nos próximos dias estaremos publicando um depoimento da paciente, com suas impressões, angústias e expectativas, no intuito de desmistificar o procedimento, ainda um tabu dentro da odontologia. Até a próxima!





Resultados da Campanha de Prevenção do Câncer Bucal 2011

76 pacientes sem sinais ou sintomas (média de 46 anos)                          
                49 mulheres
§  10 fumantes ou ex-fumantes   (20,4%)
§  39 não-fumantes                      (79,6%)
                27 homens
§  13 fumantes ou ex-fumantes   (48,1%)
§  14 não-fumantes                      (51,9%)
18 pacientes com sinais e sintomas para exame histopatológico (média de 52 anos)                  
                13 mulheres
§  5 fumantes ou ex-fumantes     (38,4%)
§  8 não-fumantes                        (61,6%)
                5 homens
§  3 fumantes ou ex-fumantes     (60%)
§  2 não-fumantes                        (40%)





TOTAL:
94 pacientes (média de 47,1 anos)
                62 mulheres   (66%)
§  15 fumantes ou ex-fumantes   (24,2%)
§  47 não-fumantes                      (75,8%)
                32 homens     (34%)
§  16 fumantes ou ex-fumantes   (50%)
§  16 não-fumantes                      (50%)


CONCLUSÕES:
O tabaco continua sendo o fator primordial para o aparecimento de lesões bucais, sejam elas malignas ou não.
O sexo feminino atenta em maior intensidade para a prevenção, comparecendo às consultas muitas vezes apenas para tirar dúvidas. Ao contrário, os homens tendem a procurar ajuda somente com a lesão estabelecida. É possível que por este motivo se observe uma menor percentagem de mulheres fumantes na amostra, a despeito do seu maior envolvimento na campanha.
O público alvo a ser buscado nas próximas campanhas, como vem sendo demonstrado nos últimos quatro anos, continua sendo homens, fumantes e acima dos 50 anos.
Além do fumo, fatores como alcoolismo crônico (destilados), chimarrão com água em temperatura alta e exposição frequente ao sol sem protetor solar parecem também ter envolvimento no aparecimento das lesões.
Os vídeos veiculados na mídia durante a campanha (RBS NOTICIAS E JORNAL DO ALMOÇO):


Dia da Prevenção do Câncer Bucal em Uruguaiana

Pelo quarto ano seguido estamos coordenando uma grande campanha de conscientização e prevenção do Câncer de Boca em Uruguaiana-RS.

No dia 25 próximo (dia do dentista), promoveremos, com a ajuda dos colegas voluntários, exames gratuitos a procura de lesões suspeitas. O RS é um dos estados com maior índice, muito pelo consumo exagerado de bebidas destiladas como a cachaça e o uísque, e do alto consumo de tabaco, muitas vezes sob a forma de palheiros (sem filtro). Estes hábitos, em longo prazo, vão provocando uma mudança na anatomia oral e da orofaringe, o que, juntamente com outros fatores predidponentes, podem, em longo ou médio prazo, evoluir para o câncer.

Este ano teremos também uma caminhada, com distribuição de camisetas e de fitas de pulso alertando para o tema. Agradeço às entidades que colaborarm para a campanha sair do papel: Secretaria de Saúde de Uruguaiana, NUMESC e Associação Brasileira de Odontologia de Uruguaiana.


Hábitos Parafuncionais e Curiosidades

Hábito parafuncional é todo aquele que foge das funções normais, como chupar o dedo, onicofagia (roer unhas), ou morder um cachimbo. A lide diária nos mostra vários exemplos de curiosidades como as mostradas abaixo, muitas vezes por falta de orientação.

Abaixo, dois exemplos do que o uso de uma interposição interdental (no caso, caximbo) podem causar ao esmalte dentário.



No desespero, vale tudo: esmalte de unha (?) para tentar aliviar a dor de dente.

Fratura Apical

Uma das indicações para a exodontia de um elemento dentário, a fratura apical (porção final de uma raiz dentária) pode ter diferentes causas: traumatismos, infecções radiculares, reabsorções radiculares, entre outras.

Neste caso fomos bastante felizes em visualizar a fratura através de uma radiografia periapical, algo bastante raro.


Observe o traço horizontal que identifica a fratura



Apicetomia

Quando há falha no tratamento e/ou retratamento de canal, e ainda não é hora de condenar um elemento dentário a uma extração, temos a alternativa da apicetomia.

A apicetomia é a técnica cirúrgica que remove a porção final de uma raiz dentária, onde está localizado o delta apical. O delta apical é uma variação anatômica na ponta da raiz, em que o canal subdivide-se em várias direções, causando extrema dificuldade no tratamento de canal. Essa variação anatômica quase sempre passa despercebida radiograficamente, tornando a falha no tratamento sem causa aparente.



Durante a apicetomia, uma incisão é realizada na mucosa que corresponde à ponta da raiz, que é então seccionada em 2 ou 3mm, teoricamente eliminando o delta apical e favorecendo a regeneração óssea e promovendo a cura completa da infecção.



Na minha experiência, a apicetomia é uma técnica que usamos apenas como única alternativa antes da exodontia (extração), devendo-se dar preferência ao retratamento de canal, já que é uma técnica com pouca previsibilidade de resultados. Temos catalogados alguns bons casos, todos com a indicação correta ao procedimento e com boa evolução, e por outro lado, outros casos sem sucesso e com indicação de extração.

Abordagem ao incisivo lateral superior esquerdo e exposição de cisto apical

Cavidade óssea após a ressecção cística

Suturas

Cisto removido e corpo estranho (cone de guta percha)

Pneumonia por Ventilação Mecânica - A Atuação do Cirurgião-Dentista

Nós, cirurgiões-dentistas com forte atuação hospitalar, bem sabemos das dificuldades de transitar no meio, se fazendo respeitar unicamente através da competência, afim de vencer o preconceito que é atuar neste âmbito, sob a desconfiança geral, sendo profissional da saúde não-médico.

Ao ler o excelente artigo da Gazeta Saúde (VAP), me inspirei a divagar sobre o tema. Nos últimos anos, a atuação do cirurgião-dentista no hospital cresceu bastante - embora não o suficiente -, principalmente nos grandes centros. O projeto de lei 2776/2008, que torna obrigatória a participação do dentista nas equipes de UTI e em outras áreas clínicas de hospitais públicos e privados, em tramitação na Câmara dos Deputados, trouxe novo alento. Apesar disso, a atuação do dentista, principalmente no interior, ainda tem se restringido ao tratamento dos traumatismos bucomaxilofaciais, único momento em que somos lembrados, em detrimento de outras especialidades odontológicas não menos importantes.

O projeto inclui várias vantagens, já que a saúde bucal está diretamente relacionada à saúde geral do paciente, como: aumento da sobrevida, redução de infecções, redução no tempo e no custo de internações, racionalização da antibioticoterapia, aumento do mercado de trabalho aos cirurgiões-dentistas.


Higiene oral em neonato (FONTE: http://www.google.com/)

Neste interim, o artigo da Gazeta toca num dos pontos cientificamente comprovados: os pacientes com longo tempo de internação em UTI, sob ventilação mecânica, possuem, comprovadamente, índice maior de infecção por pneumonia, por aspiração mecânica, do que os pacientes não entubados. E onde o cirurgião-dentista entraria? Na prevenção. 


Instrução de higiene em paciente sob ventilação mecânica (FONTE: http://www.google.com/)

"A Agência Nacional de Vigilância Sanitária apresentou alguns números referentes à incidência epidemiológica sobre pneumonia relacionada à assistência à saúde e infecções adquiridas nas UTIs. Mesmo não havendo dados precisos e concretos a respeito dos diagnósticos dos casos de pneumonia adquiridos no ambiente hospitalar, a maioria das vezes, eles são associados à ventilação mecânica.

Segundo a Anvisa, os estudos feitos em São Paulo, em 2008, mostraram que os casos de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica- PAV foi de 16,25 casos por 1.000 dias de uso de ventilador em UTIs de adultos e chegou a 21,06 casos por 1.000 dias nas UTIs coronarianas, números bem acima do índice desejado. Assim, a Anvisa reforça a importância da higiene oral dos pacientes e recomenda alguns procedimentos que podem evitar as infecções (FONTE: gazeta saúde)."

Medidas Específicas, a serem instituídas pelo cirurgião-dentista, dentro de uma UTI, e que contemplariam as especialidades de periodontia, saúde pública, pacientes especiais e clínicos-gerais, incluiriam:

A. Manter os pacientes com a cabeceira elevada entre 30 e 45°;
B. Avaliar diariamente a sedação e diminuir sempre que possível;
C. Aspirar a secreção acima do balonete (subglótica);
D. Higiene oral com antissépticos (clorexidina veículo oral).

O entendimento que a VAP é propiciada pela aspiração do conteúdo da orofaringe amparou a lógica de se tentar erradicar a colonização bacteriana desta topografia com o objetivo de reduzir a ocorrência de VAP.
Diversos estudos têm demonstrado diminuição das pneumonias associadas à ventilação quando a higiene oral é realizada com clorexidina veículo oral (0,12% ou 0,2%). Muitos protocolos preconizam a higiene da cavidade oral com clorexidina oral, formulação de 0,12%, com uma pequena esponja, evitando lesões da cavidade, três a quatro vezes ao dia. O profissional deve ficar atento para alergias, irritação da mucosa ou escurecimento transitório dos dentes. 

Além disso, eu incluiria a instrução de higiene oral, bem como a própria escovação orientada pelo profissional competente, como sendo de um valor imensurável na prevenção da patologia.

Embora os inúmeros esforços no sentido de incluir o dentista na equipe da UTI, este entendimento em saúde ainda é muito parco e estamos longe dos índices desejados.

Qual tua opinião?

Dentista e ASB manipulando paciente sob entubação (FONTE: http://www.google.com/)