Como já mencionamos por diversas vezes aqui no blog, a cirurgia ortognática é um dos procedimentos que mais nos trazem satisfação pessoal e profissional, por vermos resultado imediatos em casos que são planejados por mais de dois anos.
Hoje mostraremos mais um caso de Classe III (mandíbula posicionada mais anteriormente em relação à maxila, ou maxila retroposicionada em relação à mandíbula). O caso que mostraremos, com as imagens gentilmente cedidas pela paciente, é muito semelhante a este outro, com o planejamento bem próximo.
Perfil no pré-operatório |
A paciente já vinha em tratamento ortodôntico há mais de dois anos, condição "sine qua non" para um preparo cirúrgico adequado. A interrelação entre o ortodontista e o cirurgião é de fundamental importância. O diagnóstico, além da óbvia desarmonia entre maxila e mandíbula, compreendendo tanto deficiência maxilar (parte superior) como projeção anterior da mandíbula (parte inferior), englobava também assimetrias importantes entre as duas metades faciais, com látero-desvios, e também uma deficiência transversal maxilar importante (maxila pouco desenvolvida em tamanho em relação à mandíbula). Por este motivo, optamos por dois tempos cirúrgicos, inicialmente procedendo com uma expansão maxilar, realizada há um ano, favorecendo bastante o planejamento do caso.
Frente no pré-operatório |
Veja que a deficiência da maxila faz com que não haja um selamento labial adequado, "diminuindo" a largura do lábio superior. A projeção da mandíbula para frente nos dá a impressão de um queixo grande, quando na verdade o que está incorreto é apenas a sua posição. As marcações mostram que não há uma coincidência entre a linha média verdadeira da face e a linha média dos dentes e do mento (queixo).
Com estes dados em mãos, entra o planejamento. Uma vez corretamente planejado, o caso torna-se simples de corrigir cirurgicamente. Optamos pelo giro da maxila e da mandíbula para a direita, para corrigir as linhas médias, além do avanço da maxila e recuo da mandíbula em sentido anti-horário, mimetizando a impressão de um queixo grande.
Pré-operatório e pós-operatório de uma semana |
Mesmo com a paciente ainda bastante edemaciada, já que as fotos são de apenas uma semana de pós operatório, nota-se já neste estágio uma importante melhora na proporção dos terços da face, com a correção dos látero-desvios. A projeção da maxila para frente "aumentou" o volume do lábio, e o giro da mandíbula corrigiu a projeção anti-estética do queixo.
Pré-operatório e pós-operatório de uma semana |
O lado direito, que foi mais manipulado durante a cirurgia, apresenta-se ainda bastante edemaciado, o que não tira o impacto visual imediato que a cirurgia provocou na estética.
Linhas médias antes e após a cirurgia |
Veja como os látero-desvios foram corrigidos (a foto da esquerda é de uma semana antes da cirurgia). A paciente queixava-se de que um lado da face era "maior" do que o outro, quando na verdade havia apenas um giro para o lado esquerdo, que, corrigido, eliminou esta impressão.
Oclusão antes e após a cirurgia |
Porém, na nossa opinião, o que literalmente muda a vida destes pacientes submetidos à este tipo de cirurgia, é a função mastigatória, muito mais do que o evidente ganho estético. Veja como, apesar de ainda haver várias correções ortodônticas a serem perseguidas, especialmente na coincidência das linhas médias dentárias, a paciente, ainda com as suturas, apresenta excelente melhora na sua oclusão dentária. Pacientes com este quadro muitas vezes não conseguem fazer a correta mastigação (a maior queixa é não conseguir morder uma maçã!!!)
Perfil direito e esquerdo no pós-operatório de uma semana |
Os resultados começam a ficar mais estáveis em torno de 3 meses, mas os resultados finais nunca são esperados antes dos seis meses. Ao longo deste tempo, estaremos postando a evolução da paciente aqui no blog.
Até a próxima!
Olá Dr. Fabiano, qual o tipo de osteotomia usada na mandibula?
ResponderExcluirAbraço
Victor, usamos a tradicional osteotomia sagital de obwegeser, modificada por dalpont, que nos permite excelente versatilidade tanto em avanços como em recuos mandibulares.
ResponderExcluirDr. Fabiano, gostaria de saber se essa paciente teve que extrair os pré molares superiores para poder ter o maxilar mais afastado da mandíbula e assim poder movimentar o maxilar. O caso dela é igual ao meu, mas para eu ter uma diferença igual a dela entre a mandíbula e o maxilar terei que fazer essa extração, e assim poder ter mais movimentação na cirurgia.
ResponderExcluirMuito obrigada se puder me responder, estou com muita dúvida sobre extrair ou não.
Olá Mary, em alguns é necessário, sim, a exodontia de pré-molares, dependendo da discrepância óssea, em milímetros, entre a maxila e a mandíbula. Neste caso, isso não foi necessário. Foram removidos previamente os terceiros molares (sisos), em função do desenho das osteotomias planejadas.
ResponderExcluirTenho 31 anos e fui doadora de rins tem algum problema se fizer esta cirurgia Tenho classelll
ResponderExcluirOlá vc deve ter alguma contra-indicação medicamentosa relativa devido à excreção renal. Nada que contra-indiqueo procedimento, mas vc deve fazer um acompanhamento pré operatório com o médico que faz o seu controle
ExcluirMeu caso e bem parecido com o dela. Moro em Manaus e ainda nao encontrei um profissional que faça. Essa cirurgia eu consigo através de plano de saúde?
ResponderExcluirPor lei vc tem esse direito Cláudia, depende do plano no mínimo internação e material. Mas alguns convenios tentam dificultarte. Nesse caso, deves pegar a negativa por escrito e denunciar à ANS ou negociar.
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