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Câmaras de Sucção nas Próteses Totais

Felizmente a odontologia mudou muito nas últimas décadas. Técnicas, biossegurança, tecnologia, tudo contribuiu para o crescimento da odontologia como um todo. Infelizmente, por outro lado, ainda encontramos iatrogenias grosseiras realizadas também por colegas, mas quase sempre por "práticos" não reconhecidos e que ainda atuam livremente.

A prótese total, dependendo do caso, é de difícil adaptação ao paciente, geralmente por falta de suporte ósseo e mucoso que possa suportar com conforto e segurança o aparelho protético. Muito difundida no passado, a confecção de "Câmaras de Sucção" no acrílico da prótese, facilitava a fixação da mesma, ao mesmo tempo em que causava a hiperplasia dos tecidos circundantes, tornando a mucosa em um foco potencial ao desenvolvimento de outras doenças.

Há cerca de um mês me deparei novamente com outro destes casos. A paciente usava a mesma prótese há mais de 20 anos, já fraturada e colada com "super bonder" inúmeras vezes, e com as temíveis câmaras de sucção presentes. Nesta ocasiões, costumo colocar ao paciente a importância da troca periódica das próteses, já que "se um calçado não dura 5 anos, por que uma prótese, exposta aos fluídos e intempéries bucais permanentemente, haveria de durar 20"?

Sulcos são realizados à broca no interior das prótese, de maneira a propiciar a sucção à vácuo dos tecidos e desta maneira deixar a prótese mais "firme"

Os sulcos são uma maravilha da engenharia, porém um desastre aos tecidos de suporte
A sucção provocada pelas câmaras provoca um aumento da atividade celular na região, favorecendo a formação de hiperplasias fibrosas inflamatórias na região, que, se submetidas ao constante trauma do acrílico sobre a lesão, poderão ulcerar, favorecendo a formação de lesões mais graves.

A confecção das "câmaras de sucção" provoca hiperplasia dos tecidos

A técnica ideal de tratamento consistiria no abandono da prótese, até que houvesse uma remissão dos tecidos que permitisse a sua remoção cirúrgica sem complicações. Porém as exigências estéticas atuais impedem deixar o paciente sem os dentes. Tem sido propostas técnicas cirúrgicas várias, como o desgaste por fresa, remoção por eletrocautério ou mesmo remoção à frio (bisturi convencional) e preenchimento do defeito com cimento cirúrgico até que as condições permitam que se confeccione nova prótese adequada aos tecidos.

Temos optado por uma técnica híbrida e que tem nos trazido bons resultados. Preenche-se as câmaras da prótese com resina, parcialmente, de maneira que os tecidos hiperplasiados involuam lentamente ao mesmo tempo em que se possa usar a prótese diariamente. Toda semana se preenche um pouco mais os sulcos, de maneira que os tecidos sofram as consequencias mostradas nas imagens abaixo.

Lenta e gradualmente, vamos preenchendo os sulcos com resina acrílica, semana à semana

Em 15 dias, a remissão do quadro é aparente

Por fim, em cerca de 30 dias se consegue a remissão completa dos tecidos sem a necessidade de cirurgias. Em alguns casos, os tecidos remanescentes (sempre em menor volume) poderão sim ser incisados de modo a facilitar o assentamento das próteses.


Em 30 dias, a remissão dos tecidos geralmente é completa

Lembrando que nova prótese deve ser confeccionada após o término do tratamento

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