Atenção: todas as imagens de pacientes e/ou casos clínicos publicados neste blog, estão autorizados, verbalmente e por escrito, pelo próprio paciente, dentro das normas do código de ética médico e odontológico. Eventuais exibições de rostos dos pacientes também está autorizado e é do seu conhecimento.
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Cirurgia Ortognática - Classe III caso 1 (janeiro 2017) - PARTE II

O planejamento DESTE CASO constitui-se em ocluir a maxila com a mandíbula através de avanço de 5mm.

Pelos traçados cefalométricos, a mandíbula estava bem relacionada com a base do crânio, no entanto havia um desvio da linha média dentária em relação à linha média verdadeira e um consequente desencontro entre linhas médias dentárias.

Em conjunto com o ortodontista e o paciente, optou-se por não operar a mandíbula apenas para corrigir a linha média, evitando maior morbidade, maior tempo de cirurgia e valorizando a correção da região zigomática pelo avanço da maxila.

Em apenas 6 meses pós-operatórios o ortodontista corrigiu a linha média, lembrando que o paciente havia passado por cirurgia de expansão maxilar dois anos antes.

Observe a assimetria de face, mordida aberta anterior e deficiência de terço médio (maçã do rosto - zigomático- retruída)

6 meses pós-operatórios: observe a melhor harmonia, oclusão estável com linhas médias coincidentes e terço médio


Fratura Le Fort I - caso da semana

Operamos na última semana uma fratura maxilar com etiologia bastante típica no interior do Rio Grande do Sul: por "patada" de cavalo.

O funcionário, inadvertidamente levou um coice do animal, sem no entanto haver trauma direto, o que facilitou para o ferimento não ter sido ainda mais grave.

Nas imagens de reconstrução tomográfica em 3D a seguir, no entanto, verificamos a fratura completa, de maneira transversal, de ambas maxilas, com o traço de fratura passando pelas tuberosidades maxilares e processos peterigoides do osso esfenoide, pilares zigomáticos e assoalho da fossa nasal bilateralmente. Além disso, houve uma luxação posterior de toda a bateria labial inferior (dentes 33 a 43), o que, somado à maloclusão e doença periodontal do paciente, contribuiu para que houvesse mobilidades nestes dentes.

Linha de fratura no pilar zigomático esquerdo

Linha de fratura no pilar zigomático direito

Linha de fratura percorrendo os assoalhos nasais, caracterizando a fratura Le Fort I


O planejamento constituiu-se na redução das fraturas através do reestabelecimento da oclusão dentária, fixação com 4 placas de titânio e parafusos nas regiões de pilares zigomáticos e processos nasais da maxila, além de amarilho da luxação dentária em bloco.

Radiografia pós-operatória com as placas e parafusos em posição



Fratura Le Fort 2

Conforme prometido, um caso interessante. Este post também serve para quem acha que traumatologia de face "não é para dentista". Obrigado ao paciente que permitiu a divulgação das imagens.

O cirurgião francês René Le Fort descobriu, em 1901, os padrões de fraturas do terço médio da face. Os experimentos de Le Fort consistiram em provocar as fraturas em crânios de cadáveres, com um taco de madeira, com diferentes padrões de força e direção. Considerado um dos estudos de maior importância dentro da odontologia e da Traumatologia Bucomaxilofacial, os estudos padronizaram as fraturas de terço médio da face baseadas nas linhas de menor resistência: Le Fort I, quando o palato (céu da boca) é separado da maxila, Le Fort II, quando a maxila é separada da face, e Le Fort III, quando uma disjunção crâniofacial está presente.

Padrões de fratura de René Le Fort

Estes padrões norteiam, por exemplo, as osteotomias nas cirurgias ortognáticas, e também servem para planejar as cirurgias corretivas nas fraturas de face.
O caso a seguir mostra um típico caso de fratura Le Fort II, causada por acidente motociclístico e por nós operado em 2010. As fotos estão devidamente autorizadas.

As tomografias mostram fraturas bilaterais nos pilares zigomáticos, rebordos infraorbitários, corpo do osso zigomático no lado esquerdo e sutura fronto-zigomática no lado esquerdo.

RX P.A. de Waters mostrando fraturas em ambos pilares zigomáticos e rebordos infraorbitários

Tomografia em corte axial mostrando fraturas em ambos rebordos infraorbitários

Tomografia em corte axial demonstrando fratura no corpo zigomático direito

Tomografia em corte axial demonstrando fratura com afundamento da parede anterior do seio maxilar esquerdo

Na cirurgia, que envolveu a correção de todos os traços de fratura, foram usadas 5 placas de titânio e 20 micro parafusos. A fratura envolveu um traço passando em ambos os rebordos infraorbitários e pilares zigomáticos, causando mordida aberta anterior, que foi corrigida através de bloqueio maxilo-mandibular.

RX P.A. de Waters mostrando as placas e parafusos de titânio em posição

RX de Hirtz onde se vizualizam o comprimento dos parafusos

Aspecto clínico com dois dias de pós-operatório

Aspecto clínico com uma semana de pós-operatório, ainda com as suturas

4 meses pós-operatórios

As últimas fotos são de hoje. Estamos agora com 9 meses de pós-operatórios e o paciente encontra-se em bom estado geral, de volta à suas atividades físicas e com um certo receito de motos!!! (pra descontrair).

Região periorbitária direita: cicatrizes imperceptíveis

Região periorbitária esquerda: pequena cicatriz no interior da ruga infraorbitária

Oclusão dentária aos 9 meses

Aspecto clínico de 9 meses

Um abraço a todos.