Conforme o prometido na descrição
DESTE CASO, hoje vamos discorrer sobre as escolhas estéticas e funcionais que nortearam o planejamento do caso classe III de angle.
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intra-oral direita: overject de 5,5mm |
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intra-oral esquerda: overject de 5,5mm |
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intra-oral frente: repare no desvio de linha média, nas retrações gengivais com lesões de abfração e no plano oclusal mais alto à esquerda (assimétrico) |
Em cirurgia ortognática temos a conduta de movimentar o menos possível cada maxila, se necessário compensando o pequeno movimento na outra maxila, afim de evitar mudanças muito bruscas, reduzir a chance de recidiva por ação muscular, conseguirmos um resultado final mais harmonico considerando as mudanças de tecido mole, e por fim, neste caso, evitar muita manipulação na região das retrações.
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A análise dos tecidos moles é extremamente importante para o planejamento e decisões de movimentos |
A foto acima nos trás alguns dados importantes quando analisamos os tecidos moles sem determo-nos na fria análise dos numeros da cefalometria: 1. A mandibula não parece tão pronunciada quando comparamos a retroposição da maxila 2. O lábio superior tem pouquíssima exposição, o que provavelmente se refletirá em pouca exposição dos incisivos e 3. Ponta do nariz levemente abaixada, resultado tambem provavelmente da retração da maxila
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A análise de frente, sorrindo e sem sorrir, também trás dados precioosos ao planejamento |
Observe a foto acima: 1. sulcos naso-labiais bastante pronunciados, 2. assimetria do terço inferior para a direita (observe a mandibula em relação ao traçado), 3. além do desvio de linhas médias, observe também que a linha média dentária superior está desviada para a esquerda em relação ao traçado e 4. Pouca exposição de incisivos, confirmando a maxila retraída
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Planejamento em perfil |
Com estes dados em mãos, sabíamos que o movimento para corrigir o overject de 5,5mm deveria ser combinado e com ênfase no avanço da maxila. Veja que se o recuo de mandíbula fosse a prioridade, o perfil ficaria retraído tanto na maxila como na mandibula, refletindo num perfil desarmônico. Então, optamos por: 1. Avanço de 4mm de maxila, 2. Abaixamento anterior de maxila para melhor exposição dos incisivos e sorriso (considerando que cada mm de avanço automaticamente expõe 0,4mm nos incisivos) e 3. recuo de 1,5mm de mandibula com giro horário, acompanhando o movimento da maxila.
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Planejamento frente |
Passado o planejamento anterior ao traçado predictivo e conferidas as mudanças no tecido mole, é hora da parte mais intuitiva do planejamento: as mudanças de frente são muito dificeis de predizer baseado apenas nas cefalometrias e radiografias. Mesmo com o uso cada vez mais frequente do planejamento virtual, existem detalhes que somente a intuição e experiência do cirurgião podem deduzir. Considerando o rebaixamento anterior de maxila planejado, deveríamos acertar a linha média dentária com a linha média natural. Então: 1. giro de 2 mm da maxila para a direita, coincidindo com a linha média natural, 2. giro da mandíbula para a esquerda até a oclusão final e 3. giro transversal da maxila, intruindo o lado direito e extruindo o lado esquerdo, de maneira a harmonizar o plano oclusal.
Com o planejamento em mãos, é hora da cirurgia de modelos, transferencia para o articulador e confecção dos guias intermediário e final, considerando que optamos por iniciar a cirurgia pela maxila.
O resultado alcançado em 13 dias, ainda com bastante edema, foi esse:
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Observe a melhor exposição dos incisivos e do lábio superior, redução do sulco naso-labial e terço inferior mais harmonico |
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Embora o edema ainda mascare, observe como houve arrebitamento nasal, repocionamento mais harmonico da maxila, e como o giro horário da mandibula proporcionou uma boa posição do terço médio em relação ao restante da face |
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Ainda temos um longo caminho pela frente, é verdade, principalmente com o uso de elásticos. O resultado, no entanto, já é impressionante |