Não canso de me impressionar com as facilidades que hoje temos em termos de diagnóstico por imagens. A tomografia helicoidal com reconstrução 3D, em conjunto com a radiografia digital convencional nos dão enormes benefícios no diagnóstico das fraturas e norteiam o prognóstico e tratamento.
Neste caso impressionante, o paciente teve a face e o corpo esmagados por um trator.
Nas radiografias digitais, podemos ver o tamanho do deslocamento mandibular, neste caso uma fratura cominutiva com vários fragmentos ósseos intermediários.
![]() |
RX inicial |
A tomografia com reconstrução em 3D é ainda mais clara, mostrando, nos vários cortes, o comprometimento também das duas cavidades orbitárias.
![]() |
Fratura de ângulo mandibular direito |
O corpo do osso zigomático direito também estava envolvido.
![]() |
Fratura cominutiva de mandíbula e fratura do osso zigomático esquerdo |
![]() |
Fratura de órbita e corpo mandibular esquerdos |
O deslocamento dos fragmentos, tracionados pela musculatura adjacente, foi impressionante.
![]() |
Imagem inferior do caso. Observe o deslocamento ósseo. |
![]() |
Outra tomada |
![]() |
Grande deslocamento dos fragmentos ósseos |
![]() |
Reconstrução 3D permite um excelente diagnóstico |
![]() |
A imagem pode ser trabalhada de acordo com as necessidades do cirurgião |
O tratamento, naturalmente, foi multidisciplinar. O paciente ficou inconsciente, na UTI, por mais de 30 dias, quando recebeu drenagem de secreções torácicas (pneumotórax) e tratamento intensivo, até estar estabilizado para o tratamento cirúrgico.
Optamos por um tratamento em três tempos. Primeiramente, era necessário o reestabelecimento da oclusão dentária, através de uma contenção (bloqueio) maxilo-mandibular com arcos de Erich e fios de aço.
Após a oclusão (mordida) reestabelecida, procedeu-se ao segundo tempo cirúrgico: fixação da fratura do osso zigomático e órbita esquerdos.
Como o fragmento intermediário estava muito deslocado, tivemos dificuldades para englobá-lo nas placas e parafusos de titânio sistema 1.5mm. Optamos por fixá-la com fio de aço. Alguns autores são contra a técnica, por possibilidade de metalose (necrose dos tecidos adjacentes por reação de corpo estranho), porém, em nossa experiência, somado ao fato dos cuidados com a biossegurança dos campos cirúrgicos, isso raramente ocorre.
Decidiu-se por tratamento conservador nos ossos orbitários direitos, devido ao pouco deslocamento da fratura.
![]() |
Grande deslocamento ósseo no rebordo infraorbitário esquerdo |
![]() |
Fixação com placa sistema 1.5, parafusos e fio de aço |
O terceiro tempo cirúrgico consistiu na redução e fixação das fraturas mandibulares cominutivas, procedimento bastante complexo em função do deslocamento destas fraturas.
![]() |
Deslocamento das fraturas mandibulares |
![]() |
O primeiro tempo cirúrgico permitiu uma melhor estabilidade da mordida |
As radiografias digitais mostram o reestabelecimento do perímetro dos arcos dentários, através da instalação de duas placas de reconstrução 2.4 na mandíbula, além de uma mini-placa 2.0 e uma micro-placa 1.5, para reposicionar os fragmentos ósseos deslocados.
![]() |
RX final |
![]() |
RX lateral final |
![]() |
RX lateral final |
Observe o reposicionamento dos ossos zigomáticos e mandibulares em uma posição mais próxima do ideal.
![]() |
Caso finalizado |
![]() |
Reconstrução 3D final |
![]() |
Outro contraste |
![]() |
Projeção lateral direita |
![]() |
Projeção lateral esquerda |
![]() |
Outro contraste |
Observe o perímetro do arco mandibular. Compare com as tomografias iniciais.
![]() |
Projeção inferior. Compare com a imagem inicial |
![]() |
Locais de inserção das placas |
![]() |
Placa de reconstrução à esquerda |
![]() |
Projeção lateral à direita |
![]() |
Outra tomada inferior |
As imagens com contraste mostram a posição das placase parafusos de titânio.
![]() |
Observe as placas e parafusos |
![]() |
Tomada lateral |
![]() |
Tomada lateral |
![]() |
Tomada inferior |
Foi um caso que nos deixou bastante satisfeitos, pois embora o difícil prognóstico, o paciente apresentou excelente evolução.